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Rogério Bertoldo (Julio de Castilhos, 1969), artista autodidata, desperta para o universo das artes no ano de 2000. Seu primeiro contato com o fazer artístico está diretamente ligado ao tridimensional, entalhando em madeira até meados de 2005. Nesse mesmo ano, inicia o contato com o Arenito Botucatu, rocha facilmente encontrada na região.
Com foco e disciplina, chegou a trabalhar mais de 18hs diárias, escavando, levantando e esculpindo manualmente suas obras. Ao empregar uma técnica rústica de entalhe a machado, constrói gradualmente seu espaço artístico-vivencial, que nomeia Jardim das Esculturas. Este lugar ao ar livre é ocupado por centenas de esculturas figurativas que representam, segundo o artista, sua consciência espiritual.
Todas as obras do Jardim são de autoria e confecção de Rogério Bertoldo.
"Estou totalmente unido entre matéria e espírito, não é possível separar minha criação do homem. A arte sempre esteve em mim, mas precisei alcançar a maturidade para que ela se revelasse." - Rogério Beroldo
Rogério Bertoldo nasceu em 15 de maio de 1969, na localidade de São João dos Mellos, interior da cidade de Júlio de Castilhos, na região central do Rio Grande do Sul, Brasil. Filho de Terezinha de Souza Bertoldo e Eloi Bertoldo, desde pequeno demonstrava uma personalidade introspectiva, criativa e conectada com a natureza. Sua infância foi marcada por brincadeiras inventivas, em que construía seus próprios brinquedos. Inspirado pelos gibis de faroeste, esculpia pequenos rifles em madeira e criava arcos de bambu, imitando os nativos.
Na adolescência, desenvolveu um novo interesse: a literatura, especialmente temas sobre filosofia oriental e artes marciais, que viriam a influenciar profundamente sua vida e sua arte.
Cursou o ensino fundamental no Colégio Nossa Senhora Aparecida até o sétimo ano. Posteriormente, passou duas semanas em um internato em Ivorá, mas não se adaptou e pediu ao pai para retornar ao campo, preferindo o trabalho árduo na lavoura aos estudos convencionais.
As artes marciais entraram em sua vida cedo, inicialmente por meio dos livros. Aos 18 anos, mudou-se para Santa Maria - RS, onde realizou sua formação em artes marciais de contato. No início dos anos 2000, inspirado por essa prática, começou a esculpir seus primeiros relevos em madeira.
Em 2004, encontrou uma pequena pedra de Arenito Botucatu na propriedade de seus pais, possivelmente descartada de um alicerce, e esculpiu para sua esposa uma pequena estátua de Buda. Esse foi o primeiro contato com o que ele passou a chamar de "Ouro Rosa", o arenito que se tornaria a base de sua arte.
Escultura em homenagem aos pais de Rogério - Terezinha e Eloi (obra em Arenito Botucatu, 2010, fotografia de Kell Dias).
Rogério junto a sua primeira escultura em Arenito Botucatu - O Leão ( obra em Arenito Botucatu, 2005).
O Arenito Botucatu é abundante na região central do Rio Grande do Sul, sendo frequentemente descartado pelos agricultores. Rogério, no entanto, viu na pedra um tesouro e adotou uma forma sustentável de extração, recolhendo apenas o material retirado das lavouras e estradas.
Em março de 2005, esculpiu um leão, inspirado na dificuldade de transportar a pedra. Segundo ele, a rocha já carregava o espírito desse animal. Sua segunda obra foi a imagem de um monge meditando – uma representação inconsciente de si mesmo. A partir daí, sua arte tomou forma e propósito.
Os Budas, segundo Rogério, simbolizam o silêncio, a paz e a introspecção. A natureza se reflete em suas esculturas, desde os animais nativos até as crianças interagindo com o espaço – um reflexo da própria infância do artista e sua conexão essencial com a natureza. Para ele, sua arte é indivisível de sua própria existência:
"Estou totalmente unido entre matéria e espírito, não é possível separar minha criação do homem. A arte sempre esteve em mim, mas precisei alcançar a maturidade para que ela se revelasse."
Única foto da infância de Rogério, posicionado a esquerda, junto ao seus irmãos, Ronaldo o mais velho e alto e Mariano seu irmão caçula (aproximadamente 1974).
Fotos Rogério como aluno e professor de Artes Marciais (anos 1980).
A segunda escultura criada por Rogério foi a imagem de um monge em meditação. Sem perceber naquele momento, ele já começava a se retratar artisticamente. Sua vida foi marcada por momentos de introspecção, busca espiritual e conexão com a natureza – elementos que o monge simboliza. O isolamento do campo, sua imersão na filosofia oriental e sua prática de artes marciais o conduziram a uma jornada interior que se reflete nessa figura.
Os Budas esculpidos por Rogério não são apenas representações religiosas; eles carregam uma essência de serenidade e contemplação. Cada um deles parece chamar ao silêncio, ao equilíbrio e à presença no momento – valores que o artista incorporou ao longo da vida. Para Rogério, esculpir Budas é um ato meditativo e um espelho de sua própria busca por paz interior.
Escultura autorretrato (obra em Arenito Botucatu, 2016 a 2017, fotografia de Kell Dias).
Giselda Moro Bertoldo compartilha da mesma ascendência de Rogério. Foi sua aluna de artes marciais e, a partir dessa convivência, nasceu o namoro. Casaram-se em 1996 e, durante anos, dividiram o trabalho na agricultura até Rogério descobrir sua vocação artística.
Com o surgimento do Jardim das Esculturas, Giselda assumiu o papel de administradora e empresária do marido. Com poucos recursos, mas muita dedicação, deu suporte para que Rogério pudesse trabalhar intensamente – muitas vezes mais de 16 horas por dia – na criação do Jardim. Além de cuidar das plantas e dos detalhes do espaço, Giselda faz questão de manter o atendimento pessoal aos visitantes, garantindo que a experiência de cada pessoa que chega ao local seja única e especial.
Escultura que compõem o nicho - Jardim por Rogério (obra em Arenito Botucatu, 2016 a 2017).
Escultura que representa Giselda (obra em Pedra sabão, única peça do Jardim neste material, 2011, fotografia de Kell Dias).